Mais perto do caos climático
04/06/12 15:57A CONCENTRAÇÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO na atmosfera da Terra chegou a 400 partes por milhão. É a primeira vez que isso acontece nos últimos 800 mil anos, pelo menos. A medição foi feita pela Noaa, a agência nacional de oceanos e atmosfera dos EUA, e sinaliza que o planeta continua marchando a toda velocidade rumo ao aquecimento global desenfreado — e isso apesar da crise econômica, que em tese reduziu as atividades que queimam combustíveis fósseis.
É bom esclarecer que se trata de uma medição regional. Ela foi feita em abril e maio no Ártico, em sítios remotos no Alasca e outros locais do hemisfério Norte. O nível de CO2 vai cair por ali no meio do ano, já que neste momento é primavera boreal e as folhas das árvores estão crescendo e ativamente retirando gás carbônico do ar. A estimativa é que a média global atinja 400 partes por milhão (ou seja, 400 moléculas de CO2 por milhão de moléculas de ar) em 2016.
O que isso significa? Muita coisa. O nível de CO2 máximo estimado para que a humanidade tenha 50% de chance de manter o aquecimento da Terra neste século inferior a 2°C é 450 partes por milhão. Chegar a 400 na segunda década dele é pouco auspicioso, ainda mais considerando que, para combater a mudança climática a um custo pagável pela economia de hoje as emissões precisariam chegar a um pico em 2015 e declinar em seguida. Não há hoje a menor previsão de que isso possa acontecer.
A barreira dos 2°C indica o limiar a partir do qual aumenta muito a chance de eventos extremos e potencializadores de ainda mais emissões e mais aquecimento. Um deles é a liberação de metano (um gás estufa dezenas de vezes mais potente que o CO2) aprisionado em solos congelados do Ártico. Outro é o degelo da Antártida Ocidental, que tem grande potencial de elevar o nível do mar de forma a arrasar regiões litorâneas, especialmente as pobres.
No atual ritmo de avanço das negociações internacionais de um acordo contra a mudança do clima não existe mais nenhuma esperança de atacar o problema com a urgência necessária. O novo acordo só deve ter seus termos negociados em 2015, para ser aplicado a partir de 2020. Até lá, países ricos ganharam um passe livre para reverter (por alegados motivos de crise econômica) os ganhos obtidos com a expansão das energias renováveis, ainda muito subsidiadas; e países emergentes ganham um passe livre para emitir dentro dos limites frouxos de seus compromissos no Acordo de Copenhague (somados, eles produzirão um aquecimento global de 3°C).
A única esperança neste momento é ganhar tempo, tirando o foco do gás carbônico e combatendo outros causadores do aquecimento global, como o metano e a fuligem. Um relatório do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) publicado no ano passado mostra que é possível fazer isso, em muitos casos a custo zero (e às vezes a custo negativo, ou seja, ganhando dinheiro) e salvando vidas no processo (fuligem causa problemas respiratórios).
Na edição deste mês da revista “Foreign Affairs”, um trio de analistas liderado pelo americano David Victor, da Universidade da Califórnia em San Diego, afirma que os poluentes de vida curta respondem por 40% do aquecimento e propõe que o mundo mergulhe de cabeça no esforço de reduzir fuligem — emitida, por exemplo, por termelétricas da Idade da Pedra na Índia ou por fogões a lenha na África — e metano, e que países como EUA, Índia e China tentem deslocar o foco das negociações diplomáticas, que continuam no fim deste ano, do proverbial murro em ponta de faca contra o CO2 para o combate imediato a esses poluentes.
Concordo com Victor e acho isso necessário, mas há uma questão ética incômoda envolvida aqui. Porque os EUA, famosos por terem passado os últimos 20 anos melando qualquer iniciativa ambiciosa contra a mudança climática, agora surgem como paladinos do Bem. Sintomático disso foi a matéria canalha publicada pelo “New York Times” neste ano, quando Hillary Clinton lançou a iniciativa contra os poluentes de vida curta. Sua abertura ia na linha do “cansados de esperar por uma ação internacional, os EUA(…)” Daí tu vê. Se a diplomacia americana realmente esquecer a mitigação de longo prazo, o problema continuará no longo prazo.
Depois, é questionável até onde os EUA realmente estão dispostos a ir em seu programa de combate a esses poluentes, já que sua matriz energética está cada vez mais dominada pelo emissor de metano por excelência, o gás natural, e muita gente boa anda dizendo que o gás é pior mdo que o carvão no curto prazo justamente por causa dessas emissões.
A ver o que traz a próxima rodada de conversas diplomáticas do clima, que acontecen, aliás, num cenário agourento: Doha, no Qatar — maior exportador do mundo de metano liquefeito.
Carlos A. A. comentou em 20/06/12 at 10:29 pm Responder
O leitor tem o direito de saber o outro lado da história. Será que esses cientistas dizem a verdade ou usam o seu “achometro” só para ludibriar e ficarem famosos.
veja o outro lado:
http://www.youtube.com/watch?v=-pAS_aThirg
Gostaria de parabenizar o blogueiro por sua postura séria em relação ao tema e pela fidedignidade de seus posts em relação ao que é aceito na comunidade científica. É lamentável a postura dos trolls, que preferem o conforto da realidade subjetiva que só existe em suas cabeças e no discurso dos negacionistas, à busca independente e intelectualmente honesta, da verdade científica.
Ah se não fosse o diabo do CO2. Eu estaria congelado até os ossos.
À propósito de diabruras: o diabo sabe muito não porque seja o diabo. Ele sabe muito porque viveu muito.
Isso mesmo! E, já que estamos na seara dos ditados, a diferença entre remédio e veneno é a dose.
Quem acompanha o assunto no “centro nervoso” da discussão já sabe que está em andamento um grande lobby verde para falar mal do gás, fonte barata e abudante de energia, em favor das ineficientes, inseguras, antiecológicas “energias renováveis”. Mas vejamos o que disse Maurice Strong, um dos maiores promotores do aquecimento global humano catastrófico:
“In searching for a new enemy to unite us, we came up with the idea that .. the threat of global warming.. would fit the bill…. the real enemy, then, is humanity itself….we believe humanity requires a common motivation, namely a common adversary in order to realize world government. It does not matter if this common enemy is a real one or….one invented for the purpose.” — Club of Rome
Ou seja, uma invenção de uma elite. Apenas isto.
Sobre o número de PPMs de CO2 e outras coisas importantes, veja como tudo isto é manipulado pela ONU/IPCC neste post de hoje do Tim Ball:
http://drtimball.com/2012/ipcc-control-calculations-of-annual-human-co2-production-for-political-agenda/
Enfim, para terminar, gostei da foto e da legenda. “gelo derretendo no verão”. Normal. Os créditos são do blogueiro, que viajou ao ártico a convite do Greenpeace. Logo, fica difícil acreditar na parcialidade e na isenção daquilo que ele escreve.
Sds
Viktor
Viktor,
Pelo menos meça a todos com a mesma régua. Se eu não mereço crédito por ter viajado a convite do Greenpeace, por que o Tim Ball mereceria algum?
Por que ? ele também viajou com vcs ?
Me colocar sob moderação é a prova cabal da sua mediocridade.
Regras da casa, bonitão, não são feitas por mim. Não se ache assim tão importante: todos os comentários são moderados, não só os seus.
Antes de fazer tais afirmacoes procure um climatologista que sabe do que fala, senao vai escrever o que a maioria escreve, e isso muitos sabem nao e verdade, deixe de ser um papagaio e faca voce mesmo sua pesquisa.
Caro voce esta dando muita importancia a um gas que esta na atmosfera numa concentracao menor que 0,05 %, como pode um elemento que representa menos de 1% da atmosfera influir no aquecimento? Os grandes responsaveis pela queda ou aumento de temperatura sao o sol, os mares, vulcoes, vapores dagua e etc. Ao contrario do que voce afirma a temperatura da terra vem caindo e a tendencia eh que caira ainda mais. Se voce tem informacoes do IPCC, por favor, nao se esqueca que esse orgao nao e um orgao cientifico e sim politica, quer dizer, fazer propagando no que eles creem sem terem a menor comprovacao cientifica
Ronaldo,
O diabo está nos detalhes. E o diabo é que o CO2 não faz seu trabalho sozinho. Vai soar estranho para você, mas o CO2 nem sequer é o principal gás de efeito-estufa: o principal gás de efeito-estufa é o vapor d’água. O problema é que o CO2, mesmo em concentrações diminutas (lembre-se da escola primária: 70% da atmosfera é um gás inerte, o nitrogênio), influencia o comportamento do vapor d’água. É uma relação complexa, de fato, e realmente é difícil para os leigos entenderem como algo presente em quantidades tão pequenas pode fazer um estrago tão grande. Mas essa é a beleza de sistemas não-lineares. Lembre-se de que a famosa teoria do caos foi bolada originalmente para explicar a atmosfera, não à toa.
Ainda é muito prematuro dizer que em quantidade de PPM para ter manter o aquecimento “controlado”, desse ou daquel gás, existem centenas de variáveis que não são estudadas nestas pesquisas e prognósticos, ainda estamos aprendendo a entender os efeitos dos gases em nossa atmosfera… não acredito que essas pesquisas sejam o reflexo totalmente verdadeiro das condições da Terra, pode ser um indicativo apenas, ao invés de controlarmos as medições como forma inequivoca de acerto, deveríamos utilizar a conscientização sobre o estilo de vida, educação ambiental, crescimento populacional, economia solidária, economia verde e também, sem dúvida, sobre as emissões. Apenas uma mudança drástica no estilo de vida capitalista pode fazer com as futuras gerações tenham uma condição de vida melhor… Infelizmente, nós seres humanos, mudaremos nossa maneira de encarar nossa casa(Terra) quando uma ecatombe acontecer… parabéns pelo post…
Caro blogueiro…
Informe-se ! CO2 NAO causa aquecimento global nenhum ! Alias, aquecimento global é uma das grandes mentiras da humanidade. A terra vive de CICLOS de calor e de frio. Estamos saindo do ciclo quente e entrando num clico de resfriamento que vai durar cerca de 50 anos. Sugiro que pesquise mais. principalmente no site da USP, onde se faz pesquisas sérias sem interesse financeiro.
🙂
Revista Foreign Affairs ? O porta-voz da Comissão trilateral, do pessoal do governo mundial. Do pessoal que quer o imposto do carbono para encher os bancos de dinheiro e acabar com nossa soberania.
Falta muita cultura, muita leitura para os jornalistas do Brasil. A farsa do aquecimento global antropogênico não pode ser estudada fora do contexto da política e história, mas essa gente só sabe fazer copy&paste do New York Times e garantir uma boquinha no movimento verde.
Graças a Deus ainda temos os americanos, um povo inteligente e engajado, que procura estudar o assunto. Se não houvesse os EUA, já estaríamos usando lampiões e comendo mandioca crua, enquanto a elite europeia anda de jatinho.